Nem sempre o que parece é
Aqui fica um pequeno episódio passado, à noite, portanto, quando todos os gatos são pardos. Bom, como estava eu a dizer, aqui fica uma pequena história passada na antiga Escola Secundário da Damaia, agora denominada de D. João V.
Estamos em pleno Inverno, durante o dia inteiro caiu aquela chuva miudinha, mesmo agora, no começo da noite, a chuva parece não nos querer largar. Enfim, depois de um jantar apressado e, de uma breve caminhada, aí estou eu na escola. Cheguei cedo. Faltam ainda uns largos minutos para a primeira aula. De colegas meus, nem sinal. A chuva parou. A temperatura, ainda assim, está amena. O banco de pedra junto ao pavilhão convida a esperar, cá fora, sentado. Mas está molhado. Nada que a capa onde trago os meus preciosos apontamentos escolares não resolva. Pensado e feito. Sento-me em cima dela no dito banquinho. Que capa tão versátil. Pouco depois aproxima-se uma jovem. Esta olha para mim, olha para o banco e, senta-se na outra ponta do banco. E assim ficámos nós, a aguardar o “toque” de entrada, cada um de nós sentado numa das pontas do banco. Volta e meia ela olha para mim com um ar interrogador. Não ligo áquilo. Nisto de mulheres convém fingir desinteresse. O tempo vai passando. Chegam uns colegas meus e também algumas colegas dela. E naquele já conhecido banco, em cada uma das pontas, ali se formam dois grupinhos. Todos estão de pé menos nós os dois. Dá o toque para a entrada. Levanto-me e pego na minha capinha, até aí oculta debaixo de mim. Ela olha para o meu gesto e, finalmente fez-se luz. Fez-se luz para ela e depois do que lhe ouvi, para mim. Ela demora a levantar-se do banco e, perante a insistência das colegas, “rosna”:
- Não posso. Tenho as calças, atrás, no rabo todas molhadas! Vi aquele idiota aqui sentado e sentei-me também. Nem reparei que o banco estava encharcado!