Belas interferências de comunicação
Chefes, tive alguns e, quanto à sua competência, passe o enorme “desplante” de um subordinado avaliar o seu chefe, poucos se aproveitaram. Não foi o caso da “chefa” A. Esta era inteligente, competente e tinha de facto mais algum conhecimento que os seus subordinados, conhecimento que não guardava para si e que procurava transmitir aos seus dois mais directos (in) subordinados. E aqui é que estava a dificuldade, o busílis da coisa. Modéstia à parte, creio não ser estúpido de todo, nem eu o era, nem o X, o outro colega o era. Mas menos conversa e passemos à acção. Passemos a contar um episódio “ilustrativo” disso mesmo, das sérias dificuldades de comunicação, entre nós, entre a “chefa” e os seus “exemplares” colaboradores.
- J venha cá e peça ao X para vir também!
Pediu a “chefa” da porta do seu gabinete. Lá fomos os dois. Lá estivemos em reunião os três. Uma reunião aí de uma hora, hora e meia, ou até para aí de duas horas. Uma reunião de rotina. Uma reunião onde a “chefa” nos deu algumas ordens.
Saímos os dois do gabinete e eu, em jeito de “ralhete”, puxando os “galões” de chefe do dito X, disse:
- Então X? Era preciso isso, passares a reunião inteira a abrir a boca, a bocejar o tempo todo? A senhora deve ter ficado frustrada! Está para ali a falar e a ti só te dá para abrir a boca!
- Desculpa! É a tensão! Hoje tenho a minha tensão baixa!
Disse ele.
- Pois, pois! Já lhe ouvi chamar muita coisa!
Repliquei então eu.
O que eu não lhe disse é que a minha admiração de ele estar a abrir a boca, de aparentemente estar meio a dormir, na reunião, não era tanto, por não estar a prestar atenção ao que a nossa “chefa” nos estava a dizer, era mais a minha admiração, o meu espanto, o meu assombro de como era possível ele ser tão “imune” aos encantos da senhora, como era possível, perante aquela beldade, ele quase adormecer? Como podia aquele tipo ficar ensonado quando estava frente-a-frente com aquele “pedaço” de mulher? Incrível!
Claro, escusado será dizer, pelas razões afloradas anteriormente, que eu também não tinha estado lá muito atento na reunião, não tinha prestado muita atenção às ordens transmitidas por ela!
Que grande frustração que devia ser para ela, para a nossa “chefa”, ali, no seu gabinete, nas reuniões, Um subalterno quase que adormecia, Outro, sub-repticiamente (achava ele), media que media, aqueles belos, longos e lisos cabelos louros, aqueles olhos cor de mel, o decote se existisse, enfim, prestava atenção a tudo o que podia e menos ao que devia!