Conversas (in) consequentes de café
Dois estudantes, colegas de curso, naquelas alturas em que estavam sentados à mesa do café, cada um com a sua caneca de cerveja bem cheia à sua frente, ao lado de outras já vazias, enquanto as aulas a que deviam estar a assistir iam decorrendo, eles “versejavam” de tudo e mais alguma coisa. Tinham pontos de vista semelhantes. Um criticava algo e o outro dizia amém e vice-versa. E então, a faculdade, o curso, os professores, eram os alvos prediletos. Us colegas e as colegas, destes dois, também não escapavam. Era uma autêntica sintonia de opiniões, negativas, claro, as destes dois. Dentro dos colegas e das colegas, uma coleguinha, em especial, a X, então, coitada, era a preferida das críticas “acutilantes” dos dois compinchas.
Uns anos mais tarde, um deles recebeu um telefonema, era do outro. Queria saber do colega, do amigo, do compincha, queria convidá-lo para se encontrarem, para beberem alguma coisa, como nos bons velhos tempos, aqueles idos, os de estudante:
- Queres aproveitar a ocasião e vens passar um fim-de-semana comigo e com a minha esposa, cá abaixo, ao reino dos Algarves? Lembras-te de X, daquela nossa colega? Acabei por casar com ela!
Mal refeito da notícia, ainda assombrado, pergunta o outro, a querer desviar o curso da conversa, meio a brincar meio a sério:
- Mas o que é que estás a fazer aí para baixo? Não me digas que concluíste o curso e, estás por esse “reino” a exercer a tua profissão?
- É verdade! Lá acabámos aquilo, nós os dois, eu e a X e, encontrámos aqui emprego! E tu, o que andas a fazer?
Nada. Poderia ter sido a resposta deste colega de mesa de café. Deste colega que não passou do 1º ou do 2º ano do curso. Do curso que tanto disseram mal. Quanto à colega X, não sei se este também teria um fraquinho por ela, mal disfarçado, mas, claro, na impossibilidade da divisão do corpo e da alma, em suma do ser, sem graves consequências da integridade física da mesma, esta só poderia ter casado com um deles!