Uma questão de cor(fobia)
Abro aqui parêntesis desde já para explicar os termos usados ao longo deste texto para definir uns e outros e, assim deste modo, para tentar não ser incorrecto com nenhum deles. Outrora uns aludiam aos outros como, o branco e, os outros, como o preto. Ora como tanto a uns como a outros isto passou a soar como uma forma de insulto, estes termos, actualmente não são, como direi, enfim, politicamente correctos e, se calhar bem, não são usados. Contudo, eu, pessoalmente, também não concordo com o termo, de cor negra, ou de origem africana, para definir o outro, o de cor diferente da minha, portanto, se é uma questão de cor da pele, então, usarei o termo mais apropriado, o de cor de pele negra.
Há uns anos, quando na Amadora, a minoria não era a maioria (atenção isto não é para ser lido como uma crítica, ou como uma espécie de nostalgia, mas apenas como uma constatação), no prédio onde morava um meu amigo, na Damaia, um casal, cuja cor da pele era negra, alugou uma casa. Eram os únicos nessas condições no prédio, todos os outros moradores eram de cor de pele branca.
Um dia a campainha dessa fracção avariou. O administrador, um dos vizinhos, ele próprio, resolveu prontamente a questão. Era o botão, o cá de fora, na porta do prédio, que tinha avariado. Como era apenas esse, comprou outro, substituiu o dito e pronto.
Até aqui, nada de errado, tudo banal, uma história sem história. Assim seria se, o diligente administrador, por uma questão económica, pelo menos a meu ver, não tivesse falhado redondamente, pois, num prédio velhinho, encontrar peças iguais às existentes, claro, torna-se uma tarefa muito difícil de concretizar e, pelos vistos, visivelmente, a olho nu, ele deparou-se com esse problema. Não querendo gastar muito dinheiro de certeza e, não encontrando um botão da mesma cor dos outros todos, branquinhos como a neve, colocou o único que encontrou, embora de cor diferente, imaginem, um botão preto, um botão que se destacava no meio dos outros todos!